Grupo de Ação Revolucionária Antifascista
Manifesto do Grupo de Ação Revolucionária Antifascista
jun 3
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Oitenta e nove anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota do fascismo e do nazismo, vemos, por quase toda a Europa, o crescimento da extrema-direita. Mas, fenómeno ainda mais preocupante, vemos desenvolverem-se, à direita dessa extrema direita, forças assumidamente neonazis que, nalguns casos (Grécia, Hungria,…) crescem cada vez mais na sociedade, formando, assim, verdadeiros movimentos populares de massas, radicais, racistas e ultra violentos, cujo objetivo assumido é a destruição da organização sindical, política e cultural dos trabalhadores, o esmagamento de toda a resistência cidadã, a negação do direito à diferença e o extermínio – mesmo físico – das pessoas “diferentes” e mais vulneráveis.
Como nos anos vinte e trinta, a causa geradora dessa ameaça neofascista e de extrema-direita é a profunda crise económica (social e política) bem como ética e ecológica, do capitalismo, o qual, a pretexto da crise da dívida, ataca o bem-estar social, liberdades e direitos dos trabalhadores e estudantes.
Aproveitando o medo dos ricos face ao risco de explosão social e de radicalização da classe média, esmagada pela crise e pelas medidas rígidas de austeridade, o desespero das pessoas desempregadas, marginalizadas e empobrecidas, a extrema direita e as forças neonazis e neofascistas crescem em toda a Europa; influenciam e crescem muito junto das camadas deserdadas, que estão sempre a virar contra os “seus bodes expiatórios” (imigrantes, muçulmanos, judeus, pessoas queer, pessoas com diversidade funcional etc…) bem como contra movimentos sociais, organizações de esquerda e sindicatos.
A influência e a radicalidade dessa extrema direita não é igual em toda a Europa, mesmo assim a generalização de certas políticas faz com que o crescimento, ultraviolento, destes extremismos seja um fenómeno quase geral por toda ela.
Em vários países europeus, a ameaça neofascista já é tão direta e imediata que transforma a luta antifascista num combate de primeira necessidade, estando em jogo a vida ou morte da esquerda, das organizações sindicais, das liberdades e dos direitos democráticos, dos valores da solidariedade e da tolerância, do direito à diferença.
Mas dizer isto não chega, é preciso acrescentar e salientar que a luta contra a extrema-direita e o neonazismo é uma urgência absoluta que não pode esperar mais, assim sendo é indispensável que os antifascistas do continente enfrentam este problema na sua verdadeira dimensão, ou seja, a resolução do mesmo à escala europeia!
Dizer que estamos envolvidos numa corrida contra a barbárie racista e neofascista é o espelho da realidade que se verifica, todos os dias, nas ruas das nossas cidades, como demonstraram, ainda recentemente, as agressões no Porto.
Dada a profundidade da crise, o grande desgaste social que esta provoca nas pessoas, a intensidade da polarização política, a determinação e a agressividade das classes dirigentes, a importância histórica do confronto em curso, a dimensão da subida das forças de extrema-direita (etc…) é evidente que a luta antifascista constitui uma opção estratégica que exige muita organização e investimento político e militante a longo prazo. Por conseguinte, devemos manter grande proximidade ao combate quotidiano contra as políticas de direita e o sistema que as gera.
Para ser eficaz e responder às expectativas da população, a luta antifascista deve organizar-se de maneira unitária e democrática e ser fruto da iniciativa das massas populares. É muito importante que as pessoas organizem esta luta e a sua autodefesa.
Ao mesmo tempo, para que tudo corra bem, como dissemos antes, esta luta deve ser global, opondo-se a todos aqueles que de alguma forma, em qualquer lugar, regurgitem o veneno do racismo e da homofobia, do chauvinismo e do militarismo, do culto da violência cega. Em suma, para ser eficaz a longo prazo, a luta antifascista deve propor uma outra visão da sociedade, completamente oposta à que é proposta pela extrema-direita.
Defendemos uma sociedade baseada na solidariedade / apoio mútuo, na tolerância e na fraternidade, na recusa e intolerância do machismo, na rejeição da opressão das mulheres e na garantia da sua segurança, no respeito pelo direito à diferença, pelo internacionalismo, pela proteção escrupulosa da natureza e de todos os seres vivos, pela defesa dos valores humanistas e democráticos, uma visão que protege, realmente, os interesses da classe trabalhadora e estudantil e, de um modo geral, de todas as pessoas que sofrem com todas as coisas más que falamos aqui e outras mais.
O movimento antifascista português deve ser o herdeiro das grandes tradições antifascistas do continente!
Com esse objetivo em mente, todos os dias, deve construir as bases de um movimento social dotado de estruturas, que envolva toda a sociedade, organizando em rede todas as pessoas antifascistas de acordo com as suas profissões, locais de habitação e as suas sensibilidades, lutando em todas as frentes da atividade humana e assumindo, em pleno, a proteção física de quem seja e esteja mais vulnerável (imigrantes, pessoas romani / ciganas, minorias nacionais, pessoas muçulmanas, dos judaicas, queer etc…). Portanto, toda a gente que é vítima de racismo por parte do Estado e dos seus órgãos e dos fascistas que, cada vez mais, se sentem confortáveis em espalhar o seu ódio .
A necessidade de uma mobilização anti-fascista, torna-se cada dia mais urgente e, como tal, decidimos fundar o GARA - Grupo de Ação Revolucionária Antifascista.
O GARA pauta-se pela unidade e pluralidade na sua construção sendo assim um coletivo composto por ativistas que se debatem contra todas as formas de exploração, de discriminação e opressão decorrente do sistema capitalista e às ideologias de extrema-direita que emergem das suas crises e contradições.
O GARA pretende iniciar a criação de um movimento antifascista nacional que seja unitário, democrático e de massas, capaz de enfrentar e de vencer a peste negra que ergue a cabeça sobre o nosso país. Lançamos, assim, o apelo a que outros coletivos e ativistas se juntem a nós nesta luta para uma sociedade solidária, tolerante, fraterna, democrática e humanista.
“Porque a força bem empregue contra a posição contrária nunca oprime nem persegue - é força revolucionária!”
“Classe contra classe até à vitória final!
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Somos Todos Antifascistas !