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Caminhos para a ação revolucionária - El Coyote

jun 3

4 min de leitura

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Artigo de opinião de "El Coyote", ativista do GARA


Bandeira anarquista

Tendo em vista que não queremos permanecer simples espetadores indiferentes à tragédia histórica, que queremos participar com todas as nossas forças das escolhas dos eventos que nos parecem mais favoráveis à nossa causa, é-nos preciso um critério que sirva de guia na apreciação dos fatos que se desenrolam, sobretudo para poder escolher o posto que devemos ocupar na batalha. O fim justifica os meios.


Uma vez determinado o objetivo que se quer atingir, voluntária ou necessariamente, o grande problema consiste em encontrar o meio que, segundo as circunstâncias, conduzirá de forma mais segura ao objetivo fixado. O modo como se resolve o problema desde que isso dependa da vontade individual. Nós desejamos a liberdade e o bem-estar de todos os homens, de todos os homens sem exceção. Queremos que cada ser humano possa se desenvolver e viver do modo mais feliz possível. E acreditamos que esta liberdade e este bem-estar não poderão ser dados nem por um homem, nem por um partido, mas todos deverão descobrir neles mesmos suas condições, e conquistá-las. Consideramos que somente a mais completa aplicação do princípio da solidariedade pode destruir a luta, a opressão e a exploração, e a solidariedade só pode nascer do livre acordo, da harmonização espontânea e desejada dos interessados.


Segundo nosso ponto de vista, tudo o que tende a destruir a opressão económica e política, tudo o que serve para elevar o nível moral e intelectual dos homens, para lhes dar consciência de seus direitos e de suas forças, e para persuadi-los a fazer uso deles, tudo o que provoca o ódio contra o opressor e suscita o amor entre os homens, aproxima-nos de nosso objetivo e é, portanto, um bem, sujeito a um cálculo quantitativo a fim de obter, com uma dada força, o máximo de efeito positivo. Ao contrário, o mal consiste no que está em contradição com nosso objetivo, tudo o que tende a conservar o Estado atual, tudo o que tende a sacrificar, contra a sua vontade, um homem ao triunfo de um princípio. Nós queremos o triunfo da liberdade e a destruição de toda a opressão e totalitarismo crescente da extrema direita. Devemos, renunciar ao uso de meios violentos? Não! Os Nossos meios são aqueles que as circunstâncias nos permitem e nos impõem, é necessário combater o mundo tal como ele é, sob pena de permanecermos sonhadores estéreis ou escravos submissos de um novo regime. A humanidade arrasta-se penosamente sob o peso da opressão política e económica; ela é embrutecida, degenerada e morta pela miséria, pela escravidão, pela ignorância e seus efeitos. Esta situação é mantida por poderosas organizações militares e policiais, que respondem pela prisão, pelo massacre, a toda tentativa de mudança. Não há meios pacíficos, legais, para sair desta situação. É natural, porque a lei é feita pelos privilegiados para defender expressamente seus privilégios. Contra a força física que barra o caminho, não há outra saída para vencer senão a força física, a revolução violenta. Sem nenhuma dúvida, a revolução produzirá numerosas infelicidades, muitos sofrimentos mas, mesmo que ela produzisse cem vezes mais, seria uma bênção em relação a todas as dores hoje engendradas pela má formação da sociedade.


Boas-vindas, portanto, à revolução. Cada dia de atraso inflige à humanidade mais uma enorme massa de sofrimentos. Esforcemo-nos e trabalhemos para que ela chegue rapidamente e consiga acabar para sempre com todas as opressões e explorações. É pela liberdade dos homens que somos revolucionários: não é nossa culpa se a história nos obriga a esta dolorosa necessidade. Portanto, para nós , ou pelo menos que pensam como nós, todo ato de propaganda ou de realização, pelo discurso ou pelos fatos, individual ou coletivo, é bom se lhe assegura o apoio consciente das massas e lhe dá caráter de libertação universal; sem estes aspetos poderia ocorrer uma revolução, mas não a que desejamos. É principalmente no fato revolucionário que é preciso utilizar os meios económicos, pois o gasto se dá em vidas humanas. Devemos ser resolutos e enérgicos, mas devemos igualmente nos esforçar em nunca ultrapassar os limites necessários. Devemos fazer como o cirurgião que corta o que é preciso, evitando sofrimentos inúteis. Numa palavra, devemos ser inspirados e guiados pelo sentimento de amor pelos homens, todos os homens. Parece-nos que este sentimento de amor é o fundo moral, a alma do nosso programa. Somente concebendo a revolução como a maior alegria humana, como libertação e fraternização dos homens – qualquer que haja sido a classe ou o partido aos quais eles pertencem – que nosso ideal poderá se realizar. A rebelião brutal certamente aparecerá e poderá servir, também, para dar o grande empurrão, o último empurrão que deverá derrubar o sistema atual; mas se ela não encontra o contrapeso dos revolucionários que agem por um ideal, tal revolução devorará a si mesma. O ódio não produz o amor, e com o ódio não se renova o mundo. A revolução pelo ódio seria um fracasso completo ou então engendraria uma nova opressão, que poderia se chamar até mesmo anarquista, assim como os homens de Estado atuais se dizem liberais, mas nem por isso deixaria de ser uma opressão e não deixaria de produzir os efeitos que toda a opressão causa. - El Coyote, ativista do Grupo de Ação Revolucionária Antifascista

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